Bem Viver
União para melhorar a realidade do bairro
Parceria entre produtores culturais, investidores, prefeitura e moradores cria projeto social para engajar comunidade do Lindoia
Carlos Queiroz -
Kauê, Joe Robert e Ryan dividem o tempo entre os estudos em sala de aula e as atividades com a banda (Foto: Carlos Queiroz - DP)
Como um bairro se enxerga? O que ela precisa para se tornar um lugar melhor para viver? Partindo de questões como essas, uma iniciativa está dando ao Lindoia, na Zona Norte de Pelotas, uma nova perspectiva de vivência em comunidade. Lançado no final de semana durante festa na Escola Dr. Franklin Olivé Leite, o Projeto Bem Viver Lindoia está integrando os moradores e iniciando um movimento de maior cuidado com o lugar e, consequentemente, as pessoas da vizinhança.
Idealizada pelos produtores culturais Aline Maciel e Denis Ribeiro, a proposta conta com vários colaboradores. Além da própria população da região, abraçaram a causa a prefeitura e a construtora Olavo Rocha, que investe em um residencial no local. A primeira entrou com programas vinculados à Secretaria de Assistência Social como o Projeto Start, de capacitação de jovens ao mercado de trabalho. Já a empresa ampliou as medidas mitigatórias do empreendimento apoiando pesquisa no bairro para responder justamente àquelas perguntas iniciais e financiando iniciativas como a retomada da banda da escola, parada há um ano e meio por falta de manutenção dos instrumentos.
No sábado (11), o pátio da escola foi tomado por jovens, pais, mães, professores e artistas. Três deles podem ser enquadrados em duas destas definições: Ryan Furtado, 16, Kauê Silveira, 14, e Joe Robert Rodrigues, 13, são alunos do Ensino Fundamental e, com o recomeço da banda, já podem ser chamados de músicos. No evento que uniu a Festa da Família, dedicada às mães, e o lançamento do projeto Bem Viver, o trio mostrou afinação tocando caixa, lira e bumbo junto a outros colegas. Porém, a satisfação vai além da música.
“Esse projeto, a retomada da banda, isso tem sido importante para o bairro. Tem engajado as pessoas e a gente percebe um caminho alternativo para os jovens que andam pelo bairro sem uma atividade. Gera interesse em fazer parte, tira da rua e das drogas”, conta Ryan. Relato reforçado pela diretora Fabiane Correa e pelo instrutor da banda, Adairton Borges. Segundo eles, além dos 30 jovens envolvidos com a música, rapidamente se formou uma lista de espera que não para de crescer. “Cobramos boas notas, disciplina, participação nas aulas. E eles têm correspondido”, diz a responsável pela escola.
Começo visando continuidade
Entusiasmados com o projeto social, Aline e Denis dizem que a ideia é ressaltar os pontos positivos do bairro e a convivência, além de enfrentar antigos problemas. Tudo baseado nas impressões de quem vive no local. Segundo a pesquisa, 77% das pessoas consideram o Lindoia um bom lugar para viver. Ao mesmo tempo, sete em cada dez moradores reclamam da falta de atividades culturais e de maior cuidado com a limpeza e manutenção de ruas e praças.
“A gente quer valorizar as muitas coisas boas daqui e trazer outras que possam melhorar, como a cultura e os trabalhos realizados pela prefeitura que nem sempre chegam”, explica Aline. Segundo ela, durante seis meses o projeto pretende plantar essa concepção de engajamento social para que a própria comunidade seja capaz de absorver e manter até sem o envolvimento direto de um projeto social.
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